O Brasil completa esta quarta-feira três
semanas com o ritmo de registro de mortes por Covid-19 entrando em
estabilização. Quando se considera uma média semanal de óbitos (para descontar
os atrasos de notificação dos finais de semana), desde o dia 26 de maio o país
está em um patamar médio de 985 vítimas por dia, sem oscilar mais que 6% desse
valor.
Nos gráficos epidemiológicos, o número de casos
e mortes assume aos poucos a forma de platô — o que, em outros países,
representou o pico da ocorrência de Covid-19. Essa realidade, no entanto,
esconde diferenças locais. Enquanto os estados onde a pandemia chegou antes,
Rio de Janeiro e São Paulo, puxam a tendência de estabilização, outros, como
Paraná e Paraíba assistem a epidemia começando a ganhar impulso. O retrocesso
de um lado anula o avanço de outro na média nacional.
O comportamento desordenado do coronavírus
Brasil afora deve-se às proporções continentais do país. Grupos de estudo e
modelagem da Covid-19 avaliam que há vários focos de epidemia no território
nacional. No eixo Rio-São Paulo, por exemplo, a maior preocupação é o registro
de casos nos municípios do interior, onde há baixa capacidade de testagem e
infraestrutura hospitalar precária para o atendimento a pacientes. Já a
disparada na curva de óbitos dos estados do Sul seria explicada pelo fato de
que a região foi a última a ser acometida pelo coronavírus.
Em um país de nosso tamanho, cada cidade e
estado reagirão de maneira única. Devemos ter diretrizes nacionais para uso de
testes, mas as medidas de contenção e o relaxamento (para circulação de
pessoas) serão decididas regionalmente — explica a microbiologista Natalia
Pasternak, pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas da USP.
Outro desafio, segundo Pasternak, é a
subnotificação. Em Minas Gerais, por exemplo, houve um aumento desproporcional
no diagnóstico de síndrome respiratória aguda grave e um registro tímido de
Covid-19 — ambas as doenças têm sintomas semelhantes.
As medidas tomadas recentemente por
governantes, como a reabertura de shoppings no Rio e em São Paulo, podem
acentuar a quantidade de contaminações e, em algumas semanas, dado o tempo
necessário para a incubação do vírus, também o número de óbitos.
EXTRA
Nenhum comentário:
Postar um comentário