terça-feira, 29 de agosto de 2023

PRF recebeu alerta da Abin sobre bloqueios três dias antes da eleição, ignorado

 


Silvinei Vasques, então diretor-geral da PRF preso, disse à Polícia Federal que Abin não tinha previsto bloqueios após o segundo turno da eleição.

Conforme relatório sigiloso da A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) enviado um relatório à Polícia Rodoviária Federal (PRF), caminhoneiros poderiam obstruir estradas diante da derrota de Jair Bolsonaro no segundo turno da eleição, em 30 de outubro. O alerta teria sido ignorado e estradas federais foram bloqueadas horas após a vitória de Lula no pleito. A íntegra do documento foi obtida pela coluna de Guilherme Amado, do Metrópoles.

A agência identificou, naquela época, a existência de “chamamentos para que os caminhoneiros parem à beira de rodovias, visando uma eventual paralisação, em caso de derrota do atual Presidente da República”. A ameaça foi considerada de médio risco pela Abin.

A agência, no entanto, disse não ter identificado “articulações efetivas para movimentos paredistas coordenados nacionalmente” e que caminhoneiros apresentavam “dificuldade de coordenar ações e organizar eventual paralisação a nível nacional”. Apesar de a ameaça ser considerada de risco médio, a agência avaliou, naquele momento, que era baixa a perspectiva de adesão às paralisações.

Os primeiros bloqueios ocorreram em rodovias da Região Sul, horas depois da vitória de Lula. As paralisações se espalharam rapidamente pelo país, o que levou o ministro do STF Alexandre de Moraes a determinar ação imediata da PRF para desobstruir as estradas. A própria PRF divulgou, no dia 1º de novembro, que havia bloqueios em 227 rodovias federais. A corporação aplicou R$ 21 milhões em multas para liberar o tráfego nas estradas.

Na época, a PRF era comandada por Silvinei Vasques, preso pela Polícia Federal por suspeita de interferência no segundo turno da eleição. Vasques é acusado de planejar as blitze que dificultaram a locomoção de eleitores no dia do segundo turno, sobretudo no Nordeste. No dia 25 de novembro de 2022, Vasques prestou depoimento à PF e afirmou que “não tinha previsão de bloqueio nas rodovias” após o segundo turno e que “a Polícia Militar, a Polícia Civil, a Abin, a Polícia Federal e o GSI não conseguiram prever o bloqueio nas rodovias”.

O relatório da Abin contradiz Vasques. O documento informava que existiam convocações para caminhoneiros organizarem bloqueios na beira de rodovias e em bases de apoio. “Atos pontuais tendem a ocorrer, especialmente após a divulgação dos resultados, com possível participação de empresas de transporte e de caminhoneiros ligados ao agronegócio”, dizia a agência.

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