sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Restrição de celulares em sala de aula aumenta atenção, mas gera tédio e ansiedade, aponta pesquisa

 


Estudo indica que 83% dos alunos brasileiros se dizem mais focados, mas 44% relatam tédio nos intervalos

Uma pesquisa da Frente Parlamentar Mista da Educação, em parceria com o Equidade.info, do Lemann Center da Stanford Graduate School of Education, aponta que a restrição do uso de celulares em sala de aula tem efeito positivo no foco dos estudantes.

Segundo o levantamento, 83% dos alunos afirmam estar mais atentos às aulas, com maior impacto nos anos iniciais do Ensino Fundamental I (88%), enquanto no Ensino Médio, 70% percebem melhora. O estudo também registrou queda no bullying virtual, segundo 77% dos gestores e 65% dos professores. Entre os estudantes, apenas 41% confirmam a redução, indicando que conflitos podem não estar sendo totalmente percebidos ou reportados.

Por outro lado, a pesquisa revela efeitos colaterais: 44% dos alunos relatam aumento de tédio durante intervalos e recreios — índice que chega a 47% no Fundamental I. Além disso, 49% dos professores observaram aumento da ansiedade entre os estudantes.  Regionalmente, o Nordeste apresenta maior percepção de avanço (87%), enquanto Centro-Oeste e Sudeste registram 82%, sugerindo variações na eficácia da medida de acordo com fatores locais.

O presidente da Frente Parlamentar Mista da Educação, deputado Rafael Brito, destacou que a restrição contribui para um ambiente mais saudável e focado no aprendizado. Claudia Costin, presidente do Equidade.info, ressaltou que, embora o foco e a atenção tenham melhorado, as escolas ainda precisam oferecer alternativas de interação e estratégias adaptadas a cada faixa etária.

Para Guilherme Lichand, coordenador do Equidade.info, os resultados reforçam a importância de políticas diferenciadas para cada contexto escolar, indicando que a lei vai além da limitação do celular, abrindo espaço para repensar a relação da escola com os alunos.

A lei que proíbe o uso de celulares nas escolas foi sancionada em janeiro de 2025. A pesquisa ouviu 2.840 alunos, 348 professores e 201 gestores de escolas públicas e privadas de todas as regiões do país, entre maio e julho de 2025.

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