Representando o
Ministério da Saúde, a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Mariângela
Simão, reafirmou nesta segunda-feira (22/9), em Nova York (EUA), o compromisso
do País com a agenda global de eliminação das hepatites até 2030.
“Levamos muito a sério
o papel de liderança expresso na declaração dos ministros da Saúde dos BRICS.
Estamos firmemente comprometidos com a agenda de eliminação das hepatites ”,
destacou. Ela lembrou que o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, ao
exercer a presidência da coalizão Brics, propôs que as doenças socialmente
determinadas sejam uma prioridade para o grupo.
A declaração da
vice-ministra foi feita durante a 4ª Reunião Anual do Grupo de Amigos para
Eliminar Hepatites: Growing Commitment and Momentum for Elimination of
Hepatitis , que reúne Brasil, África do Sul, Uganda, Arábia Saudita, Malásia,
Japão, Filipinas, Índia e Tailândia.
A reunião integra a
programação da 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, que acontece até o dia
29 de setembro, em Nova York . Mariângela iniciou sua fala agradecendo aos
organizadores do encontro e destacando o orgulho do Brasil em fazer parte da
aliança internacional que visa erradicar as hepatites e promover o acesso
universal à saúde. “O Brasil tem muito orgulho de fazer parte desta coalizão ”,
afirmou.
A vice-ministra
representou o ministro da Saúde do Brasil, Alexandre Padilha, que não pôde
comparecer a este e a outros compromissos relacionados à Assembleia, em Nova
York, assim como à reunião ministerial da Organização Pan-Americana da Saúde
(Opas), que deve ocorrer nos próximos dias em Washington (EUA), devido a
restrições severas impostas pelo governo dos Estados Unidos.
“Esta não é uma mera
medida de retaliação contra o ministro, mas um ataque ao papel do Brasil na
luta contra o negacionismo, que tem se manifestado de diferentes formas”,
afirmou Mariângela, mencionando a privação do direito à vacinação de crianças e
os retrocessos na saúde enfrentados pela população americana atualmente.
Em sua fala sobre o
combate às hepatites, Mariângela reiterou o compromisso do Brasil com a meta de
eliminação até 2030. Ela destacou que o Sistema Único de Saúde (SUS) completou
35 anos na semana passada e, apesar de ser relativamente jovem, atende 75% da
população brasileira, em alguns estados, quase 100%.
No país, a oferta de
cuidados adequados, incluindo o monitoramento da progressão da doença e a
disponibilidade de antivirais, possibilitou uma redução significativa na
mortalidade: 60% para hepatite C e 50% para hepatite B desde 2015. A cobertura
vacinal contra hepatite B ultrapassa 90%, considerando recém-nascidos e bebês
com menos de 30 dias de vida.
Ela ressaltou ainda a
importância de manter políticas de saúde pública baseadas em evidências
científicas. “Não deve haver retrocesso no caso de recém-nascidos com hepatite
B. Assim como neste país, certamente podemos demonstrar o custo-benefício de
vacinar todos os recém-nascidos, e não apenas filhos de mães com hepatite B
comprovada”, enfatizou.
Mariângela também
destacou os avanços na produção de medicamentos no Brasil, mencionando que, assim
como o Egito, o país produz 90% dos medicamentos contra hepatite B em
território nacional. Para hepatite C, 70% dos pacientes são tratados com
genéricos produzidos por meio de uma parceria público-privada (PPP) entre a
Blanver e a Fiocruz.
Apesar dos progressos,
a vice-ministra reconheceu os desafios que ainda persistem, como a estimativa
do número de pessoas que ainda precisam de tratamento e a necessidade de
adaptar estratégias de eliminação para grupos vulneráveis e populações de
difícil acesso. “Há muito a ser feito, mas estamos no caminho certo”, declarou.
Ela finalizou reafirmando que, mesmo diante de adversidades, o Brasil segue
comprometido com a Aliança Global para a Eliminação das Hepatites e com a
promoção de uma saúde pública baseada na ciência e no acesso universal.
Unidos contra as
hepatites
“A hepatite continua a
tirar vidas e é uma das principais doenças infecciosas causadoras de mortes.
Milhões de pessoas permanecem sem diagnóstico e sem tratamento. Devemos nos
lembrar de que a eliminação é, sobretudo, um dever moral. O Egito tem orgulho
de atuar ao lado de parceiros estimados como Brasil, Malásia, Uganda e os
demais países-membros. Essa governança inclusiva reflete o espírito de
colaboração que define nossos amigos globais”, afirmou o professor Mohamed
Hassany , diretor executivo do Comitê Nacional para Controle Viral de Hepatites
(NCCVH), do Ministério da Saúde e População do Egito.
Para a diretora do
Programa Global de HIV , Tuberculose , Hepatites e Infecções Sexualmente
Transmissíveis da Organização Mundial da Saúde (OMS), doutora Tereza Kasaeva ,
a estratégia global da OMS para a hepatite viral oferece um caminho claro. “São
plataformas como esta, onde a diplomacia encontra a saúde pública, que
transformam roteiros em r esultados concretos”, destacou.
Sobre o Grupo de
Amigos da ONU para Eliminação das Hepatites Virais
O Grupo de Amigos das
Nações Unidas para a Eliminação das Hepatites Virais (UN Group of Friends to
Eliminate Hepatitis) foi oficialmente lançado em dezembro de 2022, em Nova
York, por meio de uma iniciativa diplomática conjunta entre o Egito e a
Organização Mundial da Saúde (OMS). O grupo visa acelerar os compromissos
estabelecidos pela Estratégia Global do Setor de Saúde contra Hepatites Virais
2022– 2030 da OMS, aprovada na 75ª Assembleia Mundial da Saúde (WHA75.6), além
de ampliar a visibilidade política do tema nas Nações Unidas .