Presidenciáveis participaram de debate no SBT.
Colocados lado a lado nos estúdios do SBT, Ciro
Gomes (PDT) e Jair Bolsonaro (PL) trocaram sorrisos e cochicharam nos
intervalos do debate de ontem organizado pelo Estadão e Rádio Eldorado em pool
de veículos de imprensa que incluiu SBT, CNN, Veja, Terra e Nova Brasil FM.
Ciro é alvo de um cada vez mais intenso “ataque
especulativo” do PT, que assedia os eleitores do pedetista apelando para o
“voto útil” em Luiz Inácio Lula da Silva já no primeiro turno. Como resposta, o
ex-ministro do governo petista e ex-governador do Ceará tem respondido subindo
o tom nas críticas a Lula e seu partido. Essa crescente animosidade ficou
explícita no debate deste sábado, 24, e as críticas de Ciro a Lula alcançaram
alguns tons acima do tratamento dispensado pelo pedetista a Bolsonaro.
Assim como os demais candidatos, Ciro atacou
Lula pela ausência e pela falta de disposição para debater – ao fim do
programa, chamou o ex-presidente de “falso democrata”. Ao longo do debate,
houve momentos em que ele e Bolsonaro convergiram, como quando aproveitou uma
pergunta sobre STF para falar em “intrusão” da Corte em temas da política. Já o
presidente reforçou a ideia, destacando que os ministros atrapalham seu
governo.
Nos intervalos, Ciro e Bolsonaro trocaram
sorrisos, e uma imagem viralizou com o pedetista cobrindo a boca, cochichando
com o presidente. Após o debate, já na saída, ele explicou ao Estadão o que
falava tapando a boca com as mãos: “Eu dizia a ele que Soraya não havia citado
o nome dele, em seu pedido de resposta”, disse.
Ciro também negou docilidade com Bolsonaro:
“Isso é canalhice do Lula e do PT, que tinha a oportunidade de enfrentar o
fascismo. O fascista veio aqui e o falso democrata se ausenta. Como se enfrenta
o fascismo? Na cabeça das pessoas. E por que ele não veio aqui, são iguaizinhos”.
A mulher dele, Gisele, também opinou. “Ele foi simpático com o Bolsonaro na
resposta que deu a ele, na resposta sobre a corrupção”, disse, em tom irônico.
Ciro citou casos em que acredita mal explicados na gestão Bolsonaro, além dos
imóveis comprados em dinheiro vivo pela família.
O episódio gerou um direito de resposta a
Bolsonaro, mas ele não levou adiante a história e usou o tempo extra para
tentar falar às mulheres. Mas apesar de tentar reverter a rejeição entre as
eleitoras, Bolsonaro acabou confrontando novamente as adversárias do sexo
feminino, a ponto de chamar Soraya Thronicke (União Brasil) de estelionatária e
afirmar, sem amparo na realidade, que tanto ela quanto Simone Tebet (MDB)
derrubaram seu veto ao orçamento secreto.
Num estúdio pequeno, sem espaço para torcidas
organizadas, o marqueteiro de Soraya deu o grito mais contundente da noite. No
momento em que ouviu o estelionatária, ele gritou “direito de resposta” e
depois bateu palmas quando conseguiu o tempo extra. Também gritou “é mentira”
quando Bolsonaro insistiu pela terceira vez na tese de que elas aprovaram o
orçamento secreto. Soraya ironizou um dos confrontos que teve com Bolsonaro.
Usando a imagem que tenta projetar desde o primeiro debate, na Band, disse que
o presidente não deveria cutucar “a onça com sua vara curta”. A frase levou a
plateia que assistia ao confronto no estúdio anexo ao debate cair na
gargalhada.
Na saída, Soraya foi além: “Foi o único momento
em que ele não pediu direito de resposta”, brincou. Bolsonaro pediu 5 vezes o
direito de responder a ataques em tempo extra, ganhou 3. Mas foi o novato Padre
Kelmon (PTB) quem mais provocou reações da plateia, pela dobradinha escancarada
que emendou com Bolsonaro. A aproximação começou de forma discreta, mas depois
ficou explícita com elogios reiterados do petebista ao atual governo e críticas
aos outros candidatos por “se juntarem contra o presidente” – “Todos vocês
falam mal do presidente, só enxergam maldades”, reclamou.
Ao contrário de Tebet, que disse jamais querer
se confessar com o candidato que se vende religioso, Bolsonaro entregou a
Kelmon a vantagem de responder suas perguntas nas duas vezes em que teve a
oportunidade de escolher um adversário para conversar. O teatro da política
ganhou novo capítulo nessa noite.
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