Taxa média de juros
atingiu 39,6% ao ano em junho, com decréscimos de 0,3 ponto percentual no mês e
de 4,6 pontos percentuais em 12 meses
A taxa média de juros
do cartão de crédito rotativo teve alta de 7,1 pontos percentuais para as
famílias, passando de 422,4% ao ano, em maio, para 429,5% ao ano em junho deste
ano. Em 12 meses, entretanto, os juros da modalidade caíram 6,3 pontos percentuais.
Os dados estão nas Estatísticas Monetárias e de Crédito, divulgadas na última
sexta-feira (26) pelo Banco Central (BC).
Segundo matéria da
Agência Brasil, o crédito rotativo dura 30 dias e é aquele tomado pelo
consumidor quando paga menos que o valor integral da fatura do cartão. Ou seja,
contrai um empréstimo e começa a pagar juros sobre o valor que não conseguiu
quitar. A modalidade tem as taxas mais altas do mercado. Em janeiro deste ano,
entrou em vigor a lei que limita os juros do rotativo a 100% do valor da
dívida, mas a medida não afeta a taxa de juros pactuada no momento da concessão
do crédito. Como ela só se aplica a novos financiamentos, não houve impacto na
apuração estatística de junho.
Após os 30 dias, as
instituições financeiras parcelam a dívida do cartão de crédito. No caso do
cartão parcelado, os juros caíram 5,4 pontos percentuais no mês e 15,6 pontos
percentuais em 12 meses para 180,5% ao ano. Além da queda, o resultado do
crédito livre às famílias em junho foi impactado pelo recuo de 6 pontos
percentuais nas operações de crédito pessoal não consignado, para 87,8% o ano,
e pelo aumento de 3,1 pontos percentuais no cheque especial, para 135% ao ano.
Com isso, a taxa média de juros no crédito com recursos livres às pessoas
físicas ficou em 51,7% ao ano, um recuo de 0,7 ponto percentual no mês e de 7,4
pontos percentuais em 12 meses.
Nas operações com
empresas, a taxa média alcançou 20,9% ao ano, aumento mensal de 0,3 ponto
percentual e queda de 1,9 ponto percentual em 12 meses. Basicamente,
contribuíram para este resultado as altas mensais nas taxas médias das
modalidades de cheque especial (14,1 pontos percentuais), capital de giro com
prazo superior a 365 dias (1,7 ponto percentual) e cartão de crédito parcelado
(13,2 pontos percentuais). Em sentido contrário, houve queda de 18,6 pontos
percentuais no cartão de crédito rotativo e de 0,6 ponto percentual em desconto
de duplicatas e recebíveis.
Taxas médias
No total do crédito
com recursos livres, considerando pessoas físicas e jurídicas, a taxa média de
juros atingiu 39,6% ao ano em junho, com decréscimos de 0,3 ponto percentual
(p.p) no mês e de 4,6 pontos percentuais em 12 meses. No crédito livre, os
bancos têm autonomia para emprestar o dinheiro captado no mercado e definir as
taxas de juros cobradas dos clientes. Já no crédito direcionado, as regras são
definidas pelo governo, e se destinam, basicamente, aos setores habitacional,
rural, de infraestrutura e ao microcrédito.
No caso do crédito
direcionado, a taxa média para pessoas físicas ficou em 10,1% ao ano em junho,
aumento de 0,2 ponto percentual no mês e recuo de 1,6 ponto percentual em 12
meses. Para as empresas, a taxa subiu 0,6 ponto percentual no mês e 0,5 ponto
percentual em 12 meses, para 12,4% ao ano. No total, a taxa média do crédito
direcionado ficou em 10,6% ao ano no mês passado, acréscimo de 0,2 ponto
percentual no mês e queda de 1,1 ponto percentual em 12 meses.
Com isso, a taxa média
de juros das concessões de crédito, considerando todos os segmentos, segue
desacelerando e alcançou 27,86% ao ano em junho, redução de 0,42 ponto
percentual no mês e de 3,8 pontos percentuais em 12 meses. O pico dos juros
aconteceu em maio do ano passado, quando chegou a 32,2% ao ano. O comportamento
dos juros bancários médios ocorre em um momento em que a taxa básica de juros
da economia, a Selic, vinha sendo reduzida. A Selic é o principal instrumento
do BC para controlar a inflação e, com o controle dos preços, desde agosto do
ano passado, o BC cortou a Selic por sete vezes consecutivas.
Na última reunião,
entretanto, com a alta recente do dólar e o aumento das incertezas econômicas,
o Comitê de Política Monetária (Copom) interrompeu o corte de juros iniciado há
quase um ano e manteve a taxa básica em 10,5% ao ano. De março de 2021 a agosto
de 2022, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, em um ciclo de
aperto monetário que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia
e de combustíveis. Por um ano, de agosto de 2022 a agosto de 2023, a taxa foi
mantida em 13,75% ao ano, por sete vezes seguidas. Com o controle dos preços, o
BC passou a realizar os cortes na Selic.
Antes do início do
ciclo de alta, a Selic tinha sido reduzida para 2% ao ano, no nível mais baixo
da série histórica iniciada em 1986. Por causa da contração econômica gerada
pela pandemia de covid-19, o Banco Central tinha derrubado a taxa para
estimular a produção e o consumo. A taxa ficou no menor patamar da história de
agosto de 2020 a março de 2021.
Salto da carteira
O volume das operações
de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) alcançou R$ 585,9 bilhões em
junho, acréscimo de 2,4% no mês e aumento de 9,3% em 12 meses. O estoque de
todos os empréstimos concedidos pelos bancos ficou em R$ 6,018 trilhões, um
crescimento de 1,2% em relação maio e de 9,9% em 12 meses. O desempenho
resultou da alta de 2,2% no estoque de crédito às empresas, que totalizou R$
2,327 trilhões, e do aumento de 0,6% no crédito destinado às famílias, R$ 3,691
trilhões.
Já o saldo do crédito
ampliado ao setor não financeiro, que é o crédito disponível para empresas,
famílias e governos, independentemente da fonte (bancário, mercado de título ou
dívida externa), alcançou R$ 17,410 trilhões, com alta de 2,2% no mês. Os
principais fatores do aumento mensal foram a elevação de 5% do saldo de
empréstimos externos, de 1,7% em títulos públicos de dívida e de 1,1% nos
empréstimos do SFN. Na comparação interanual, o crédito ampliado cresceu 13,6%,
destacando-se elevações dos mesmos componentes de 16,6%, 12,8% e 9,5%,
respectivamente.