Aliados do presidente
não descartam que ele possa ceder o Ministério da Saúde ao PP, que o pleiteia.
No encontro com os parlamentares, na noite desta segunda-feira (5), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a senadores o teor da reunião que teve, durante a manhã, com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Um os temas da conversa foi a operação da Polícia Federal que teve como alvo aliados do presidente da Câmara, ainda o presidente também afirmou que deve fazer mudanças pontuais na Esplanada.
Segundo relatos dos senadores, Lula disse a Lira que seu governo não pode ser responsabilizado pela gênese da operação realizada pela PF. O presidente ainda usou seu exemplo pessoal para recomendar que Lira enfrente as denúncias. Lula disse que, estando convicto da inocência, foi até o fim nos processos que respondeu. Sugeriu que Lira faça o mesmo, conforme a Folha de S.Paulo.
A Polícia Federal cumpriu na semana passada mandados de prisão e de busca e apreensão contra aliados de Lira em uma investigação sobre desvios em contratos para a compra de kits de robótica com dinheiro do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). O caso teve origem em reportagem da Folha publicada em abril do ano passado sobre as aquisições em municípios de Alagoas, todas assinadas com uma mesma empresa pertencente a aliados de Lira.
O presidente da República abordou o tema também ao se dirigir ao senador Renan Calheiros (MDB-AL), adversário político de Lira e Lula também apaziguou os ânimos ao afirmar que o senador tampouco pode ser responsabilizado pela operação. Sobre a possibilidade de dança das cadeiras na sua gestão, o líder ptista não descartou fazer ao menos duas trocas pontuais em pastas da União Brasil, segundo relatos de aliados de ambos.
No Palácio do Planalto, a expectativa é que Daniela Carneiro (Turismo), que pediu desfiliação da União Brasil, seja substituída por outro nome do partido. Isso porque o Republicanos, partido para o qual Daniela deve migrar, já avisou a articuladores políticos que não pretende apadrinhá-la na pasta. A situação do ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil-MA), também é considerada delicada.
Deputados trabalham para que Celso Sabino (União Brasil-PA) seja escolhido para substituir um dos ministros. O governador Helder Barbalho (MDB-PA), aliado do Planalto, já foi consultado e deu aval à provável indicação de Sabino.
Lira também aproveitou o encontro com Lula para cobrar agilidade nas nomeações de cargos no governo e na liberação de emendas. A expectativa ainda é que o PP, partido do presidente da Câmara, possa ser contemplado com mais cargos no segundo e terceiro escalões, ou mesmo numa troca ministerial. Articuladores de Lula têm aconselhado o presidente a não descartar mudanças em nenhum ministério que não seja da chamada cozinha palaciana, que contempla a Casa Civil e a Secretaria de Relações Institucionais, além da Fazenda.
Nesse cenário, aliados do presidente não descartam que ele possa ceder o Ministério da Saúde ao PP, que o pleiteia. Uma ala do Republicanos também pressiona por espaços maiores no governo, mas a negociação ainda não está avançada. Uma parte de assessores do presidente tenta negociar com o partido a sucessão do presidente da Câmara em troca do apoio da bancada na Casa.
A negociação, porém, é complexa porque Elmar Nascimento (BA), líder da União Brasil, já é considerado pré-candidato a disputar o cargo de Lira. Durante o encontro com Lira, Lula, também segundo relatos, disse ter sido um equívoco não ter nomeado Elmar como ministro na montagem do seu governo —o deputado foi barrado pelo PT da Bahia em razão de rixas locais.
Já o presidente da Câmara elogiou o ministro Alexandre Padilha, das Relações Institucionais, mas disse que o problema é a falta de tinta na caneta do auxiliar de Lula para cumprir acordos firmados junto a parlamentares nos demais ministérios. Depois da reunião, Lira afirmou em entrevista à CNN Brasil que a Câmara ficou “sub-representada” na atual montagem da Esplanada dos Ministérios e afirmou que as dificuldades enfrentadas pelo Planalto na semana passada foram “um bom recado”. Ainda de acordo com Lira, a conversa com o presidente tratou de uma “arrumação mais efetiva da base do governo na Câmara e no Senado”.
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