O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) afirmou ter
paciência para transformar a aliança regional firmada com o prefeito do Rio de
Janeiro, Eduardo Paes (PSD), num acordo nacional. PDT e PSD fecharam uma
aliança no estado cuja cabeça de chapa ainda será definida. A sigla de Paes,
comandada pelo ex-ministro Gilberto Kassab, mantém publicamente a intenção de
lançar um candidato à Presidência.
Ciro afirmou que a aliança no Rio de Janeiro independe de um acordo nacional, mas declarou ter paciência para manter as conversas. “Sob o ponto de vista nacional, paciência, paciência, paciência. Hoje ele tem uma delicadeza que eu respeito muito. Ele pertence a um partido que tem [pré-]candidato”, disse o ex-ministro, após participar da reunião do secretariado comandado por Paes.
O pedetista afirmou que a forma de construção de sua candidatura difere da do ex-presidente Lula, a quem acusou de prejudicar os partidos de esquerda. “Não sou como o Lula. Lula está destruindo os partidos, o PSOL, PC do B, PSB porque para o Lula tem que ficar o PT sozinho. O único partido progressista que resiste a isso é o PDT”, disse ele.
“Derrotar Bolsonaro é uma questão gravíssima, urgente e imediata. O Lula está tentando que seja só essa, quando não é só essa. Mais grave do que essa é o que pretendemos colocar no lugar da terra arrasada que vai ficar. O Lula tem despolitizado o debate de uma forma muito perigosa.”
O PSD tem como pré-candidato o presidente do Senado, Rogério Pacheco. As dúvidas do senador em abraçar a campanha iniciaram uma discussão sobre a troca do postulante da sigla. Há articulações para atrair o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, ou o ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung para o partido e assumir o posto.
Os dois partidos têm pré-candidatos ao governo fluminense: o ex-prefeito Rodrigo Neves (PDT) e o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz (PSD). Os dois participaram do encontro neste domingo. Ciro afirmou que o deputado federal Marcelo Freixo (PSB), pré-candidato ao governo com apoio do PT, “entrou no jogo do Lula”.
“Não é um jogo sério para o Rio de Janeiro. É um jogo de carreirismo particularista que não tem nada a ver com a sorte do Rio. Lula lançou a Márcia Tiburi candidata a governadora no Rio de Janeiro. Apoiou Sérgio Cabral a vida inteira. O Freixo não tem nenhuma opinião sobre isso? Eu tenho”, disse Ciro.
Eduardo Paes não falou após a reunião de seu secretariado. Em entrevista ao jornal Valor Econômico, afirmou que Lula está com “certo salto alto” na discussão sobre alianças políticas no estado. Rodrigo Neves afirmou que aliança busca unir “as duas melhores escolas de gestão do Rio de Janeiro”. O discurso tem como objetivo ressaltar a falta de experiência de Freixo em cargos do Executivo.
“[Vamos unir a] Tradição do PDT em Niterói de boas administrações, antes do meu governo e depois, e a boa escola de gestão do prefeito Eduardo Paes. Essa unidade é importante para ganhar a eleição e para fazer o diálogo para reconstruir o Rio. Nossos adversários não têm o que mostrar ou histórico de boa gestão. Freixo nem experiência tem.” O presidente do PDT, Carlos Lupi, afirmou que ainda há articulação para incluir novos partidos na aliança para ampliar a presença da chapa na Baixada Fluminense.
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