quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Cantora Paulinha Abelha está no grau mais profundo de coma, dizem médicos

 


A cantora Paulinha Abelha, vocalista da banda de forró Calcinha Preta, está em coma profundo e apresenta o mais baixo grau da escala que monitora essa condição clínica. A informação foi passada pelos médicos que vêm tratando a artista, em entrevista coletiva realizada na tarde desta terça-feira (22).

Os profissionais de saúde também negaram que o quadro seja irreversível e admitiram que investigam a possibilidade da cantora ter sofrido alguma intoxicação medicamentosa.

— Ela chegou em coma, continua em coma, coma profundo. A pergunta que nos fazemos dia a dia é quais as etiologias que justificam ela estar na Escala de Glasgow 3, que é a mais baixa que se pode ter. Algumas hipóteses conseguimos excluir, como uma bactéria na cabeça. Isso é falso, não conseguimos isolar qualquer microorganismo que tenha causado esse dano renal, dano hepático e por último lesão cerebral. Essa foi a sucessão de eventos — afirmou o neurologista Marcos Aurélio Alves.

A escala de Glasgow varia de 3 a 15. Normalmente o paciente é intubado quando atinge o grau 8.

Os médicos negaram qualquer evidência de morte encefálica. Os profissionais de saúde também descartaram que o quadro de saúde de Paulinha Abelha seja irreversível.

— Não existe o conceito de irreversibilidade ainda — disse o neurologista.

Os médicos foram questionados sobre os tratamentos para emagrecer feitos por Paulinha Abelha, sobretudo com uso de diuréticos. De acordo com os profissionais de saúde, a cantora usava os medicamentos com supervisão especializada.

O diretor técnico do hospital, Ricardo Leite, explicou que foram feitos exames de imagens e nenhum deles apresentou lesões crônicas. O médico admitiu que o uso de emagrecedores em abuso realmente pode oferecer risco, “mas não parece que foi isso que aconteceu”.

— A gente trabalha sim com a possibilidade de alguma intoxicação medicamentosa, existem exames em andamento nesse sentido para confirmar ou afastar essa hipótese — disse Leite. — Mas hoje, a resposta taxativa para a questão ‘Paula tem uma lesão decorrente de medicação, tratamento prévio’, nós não temos. Mas existe sim uma possibilidade nesse sentido — acrescentou.

Leite reforçou que ainda não é possível relacionar o quadro de saúde da cantora com as “tentativas estéticas ou de perda de peso”.

— Quando doutor Marco Aurélio fala em uma síndrome tóxico metabólica, o que ele quer dizer é que existe uma substância, algo que está circulando no corpo do paciente, que deve estar levando a uma cascata de inflamações ou lesões nesses órgãos, a ponto de deixá-los em disfunção — finalizou Leite.

Novos exames

O intensivista André Luís Veiga de Oliveira reconstituiu o tratamento dado à paciente e explicou quais as medidas que foram tomadas:

— Trabalhamos em duas vertentes: dar suporte às falências orgânicas, para que acabem não progredindo. Então ela tinha disfunção renal, que vinha sendo tratada em terapia renal substitutiva desde o outro hospital. Tinha disfunção hepática que vinha em regressão, e a gente tinha que dar suporte para que ela acabasse não progredindo e agravando o quadro dela. E tinha um quadro neurológico que estava a 48h sem sedação, em coma profundo, sem nenhum tipo de reflexo ou medidas que a gente estava fazendo — disse o intensivista.

O corpo médico também reuniu um grupo de intensivistas, clínicos, neurologistas e infectologistas identificar “novas linhas diagnósticas e descartar linhas prévias”.

— Foram feitos novos exames e contato com o hospital que a cantora estava anteriormente. Repetimos a ressonância cerebral dela, que é um exame altamente específico para tentar identificar qual o motivo do coma e quais alterações que poderiam justificar o quadro clínico dela — disse Oliveira.

 

O Globo

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