Foto em vida do Professor Sabiá
Com 326 (65,5%) votos do total de
492 eleitores que compareceram às urnas, Professor Sabiá é escolhido como o
novo nome da escola José Sarney, que passa a se chamar Unidade Integrada José
Pedro Coelho Neto (Professor Sabiá). Em segundo lugar ficou o pioneiro
Furtunato Horas com 165 votos (35,5) da eleição que ainda teve um voto nulo.
Conheça um pouco da história do
Professor Sabiá extraída de um trabalho acadêmico feito por Elivan Braz no ano
de 2006 e apresentado ao curso de jornalismo da Universidade Estadual do
Maranhão. E que, por ocasião do processo da troca do nome da escola, recebeu a
contribuição da Professora Izabel e de Orlando Silva com as devidas
atualizações que mencionam até o falecimento do homenageado.
Onde canta o “Sabiá”?
José Pedro Coelho Neto,
popularmente conhecido como Professor “Sabiá”, - nome que segundo ele, herdara
dos amigos quando morava em Lago do Junco-MA, por fazer serenata e recitar
versos, foi o primeiro professor a colocar os pés em Cidelândia.
No ano de 1969. A recente povoação
formada em função da instalação da Companhia Industrial de Desenvolvimento da
Amazônia (CIDA), - que mais tarde deu origem ao nome do Município
(CIDA+LÂNDIA), chamou sua atenção a ponto de se oferecer para dar aulas aos filhos dos pioneiros
Funcionário da Secretaria de
Educação de Imperatriz, não pensou duas vezes e providenciou sua transferência
para a terra onde viveu até a data de sua morte. Aqui resolveu fazer morada e
juntamente com os pais de alunos construiu um barracão, e por intermédio de um
extinto projeto chamado João de Barro da Prefeitura de Imperatriz e do Governo
do Estado implantou e lecionou para as séries da alfabetização ao quarto ano
primário.
Até a construção da primeira
escola, em 1979, “Sabiá” exerceu o ofício de professor, encarando as mais
diversas dificuldades. Como se não bastasse o baixo salário, que sempre recebia
com atraso, tinha que ir a pé pela mata até Imperatriz para recebê-lo, o que
era um grande desafio pelos inúmeros riscos e pela presença de indígenas. Às vezes,
conseguia carro à altura do Km 1600 da BR-010.
Cansado da excessiva jornada de
trabalho e da falta de respeito, “Sabiá” abandona a docência, mas com a
sentimento do dever cumprido, pois grande parte de seus alunos puderam
continuar os estudos e alcançar formação superior.
Mas quem tanto contribuiu com a
educação de Cidelândia, nunca ocupou sequer um lugar de honra na administração
do município. “Infelizmente eles têm preconceito contra negro, velho e
pobre", disse ele com tristeza ao se reportar aos administradores da
época.
Viveu da aposentadoria rural,
benefício concedido pela idade, já que não conseguiu o benefício por tempo de
serviço. Foram mais de 50 anos vendo o nascer e o pôr do sol do quintal da
mesma casa, que fica ao lado da prefeitura de Cidelândia.
ENTREVISTA: Em resposta à
entrevista concedida a Elivan Braz, Professor Sabiá falou de perspectivas,
projeto e admiração.
PERSPECTIVA - “Naquele tempo, eu
era quase um doutor, todos me procuravam até para passar remédio; hoje poucos
me visitam, mas tenho esperança de dias melhores".
PROJETO - Para Sabiá, o município que adotou como seu,
precisaria se comprometer mais com o setor educacional: valorizar seus
professores e implantar escola profissionalizante para o ensino de letras e
artes.
ADMIRAÇÃO – O Professor Sabiá,
sempre nutriu uma profunda admiração pelos professores de Cidelândia, em
especial pelo Pe. Cícero. “O admiro, em primeiro lugar, como padre; segundo,
como intelectual, e terceiro, como professor dos professores", disse isto
em reconhecimento a Cícero Marcelino de Melo, diretor e professor do Centro de
Ensino Isaura Amorim.
Quem foi o Sabiá?
José Pedro Coelho Neto, nasceu em
Loreto-MA no dia 23 de abril de 1930 e faleceu em Cidelândia no dia 13 de julho
de 2019. Foi o primeiro professor de Cidelândia, e tendo apenas o 2º grau
prestou um serviço de um verdadeiro Mestre. Exerceu a docência com garra e
determinação por 22 anos. Pai de 12 filhos, envelheceu ao lado da mulher de sua
mocidade, Maria da Paz Avelino Coelho. Um exemplo a ser seguido por seus alunos
e pessoas que conhecem a sua história.