Em leilão sem participação da Petrobras, o
governo concedeu nesta quarta-feira (13) 59 áreas para exploração de petróleo
no país, em leilão que arrecadou R$ 422,4 milhões. Do total arrecadado, 98%
foram oferecidos por Shell, Ecopetrol e Total pela concessão de oito áreas na
Bacia de Santos. O leilão teve protestos de organizações ambientalistas contra
a oferta de áreas próximas a comunidades quilombolas e pesqueiras e em um
cenário de alertas sobre a necessidade de medidas para reduzir as emissões de
gases do efeito estufa.
Foi o terceiro leilão do modelo de oferta permanente, que funciona como uma espécie de vitrine de áreas para exploração e produção de petróleo no país. Nesse modelo, as empresas demonstram interesse por áreas disponíveis, levando a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) a abrir leilões. Deve ser o modelo vigente no país nos próximos anos, após o fim dos megaleilões de petróleo realizados nos anos 2010, que tinham áreas com maior conhecimento geológico e, por isso, arrecadavam bônus bilionários.
Ao todo, a ANP ofereceu 379 áreas em 14 setores exploratórios de sete bacias sedimentares brasileiras, a maior parte delas em terra, tipo de operação que atrai o interesse de pequenas petroleiras, como as vencedoras Petroborn, Petro-Victory e CE Engenharia. São áreas de menor potencial de produção do que áreas marítimas e, por isso, com bônus de assinatura mais baixo. As 51 áreas em terra arrematadas no leilão renderam uma arrecadação total de R$ 7,1 milhões.
Antes da disputa, o diretor-geral da ANP, Rodolfo Saboia, destacou que parte dos concorrentes seriam pequenas empresas que se desenvolveram com o processo de venda de ativos da Petrobras, que liberou campos já em produção para o setor privado. As dez empresas que arremataram essas áreas menores se comprometeram a investir quase R$ 100 milhões nos projetos. Os maiores lances foram dados pela francesa Total Energies e por um consórcio formado por Shell e Ecopetrol. A primeira se comprometeu a pagar R$ 275 milhões por duas concessões; o segundo ofereceu R$ 140,2 milhões por seis áreas.
As concessões estão fora do chamado polígono do pré-sal, onde estão as maiores descobertas de petróleo do país, mas ainda assim com potencial de descobertas de jazidas abaixo da camada de sal. As empresas vencedoras do leilão desta quarta se comprometeram a investir R$ 307,9 milhões na região. Shell e Ecopetrol já haviam atuado em parceria no último leilão de áreas petrolíferas realizado no país, em 2021. As duas arremataram um bloco na Bacia de Santos. Sozinha, a Shell levou outras quatro áreas naquela concorrência, que foi a pior já realizada no país desde a abertura do setor, em 1997. A ANP ainda prevê para este ano um leilão da oferta permanente de áreas dentro do polígono do pré-sal, que têm contratos diferentes de exploração, chamados contratos de partilha. Esse modelo garante ao governo presença na decisão de investimentos e parte do petróleo produzido.
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