A isenção de Imposto
de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil mensais, prevista no pacote de corte
de gastos anunciado pelo governo federal, poderá trazer impactos significativos
na arrecadação de prefeituras e governos estaduais. Quem faz o alerta é o
economista Paulo Tafner, diretor-presidente do Imds (Instituto Mobilidade e
Desenvolvimento Social). Tafner calcula que, para municípios médios (entre 50
mil a 500 mil habitantes), a perda de arrecadação com Imposto de Renda fica
entre 50% a 70%. Entre os grandes municípios (acima de 500 mil habitantes), o
impacto é em torno de 30% a 50%.
Já para os pequenos municípios (até 50 mil habitantes), que têm uma alta dependência de recursos federais, a perda de receita com IR pode atingir 70% a 80% do total arrecadado. O economista explica que o IR retido na fonte dos salários de servidores ativos, aposentados e pensionistas compõem uma parcela importante das prefeituras e governos estaduais. Em muitos municípios, essa receita é utilizada para cobrir déficits previdenciários.
— E então como ficam esses estados e municípios? Obviamente, eles vão judicializar e querer compensação pela perda de receita — afirma ele, ao mencionar que a isenção de IR até R$ 5 mil traz impactos negativos extensos, já que 80% da população brasileira ganha em torno dessa faixa. Ao menos 40 entes federativos (entre estados e municípios) possuem leis que direcionam os recursos do IR na fonte dos salários de servidores para cobrir o déficit financeiro de seus regimes próprios de previdência social, diz o economista.
Segundo Tafner, ainda não há uma estimativa do montante a ser perdido em arrecadação, mas o impacto financeiro para estados e municípios deve alcançar a casa de bilhões de reais por ano. O economista pondera que a arrecadação adicional da União com a tributação de salários mais altos deverá ser redistribuída via Fundo de Participação dos Estados (FPE) e Fundo de Participação dos Municípios (FPM), mas “o saldo líquido será uma perda relevante de arrecadação para esses entes”.
O Globo
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