Ela tem mutações diferentes da Ômicron original
e cresce rapidamente na Inglaterra, onde seu percentual tem dobrado a cada
quatro dias, e na Dinamarca – onde já responde por 45% dos casos de Covid-19;
dados preliminares indicam que nova cepa não é mais agressiva, mas pode ser
mais contagiosa .
No começo de dezembro, poucos dias após a identificação da variante Ômicron, descobriu-se que ela tinha duas subvariantes: a BA.1, responsável pela grande maioria dos casos, e a BA.2, bem mais rara. Por isso a BA.2 não atraiu muita atenção, e você não deve ter ouvido falar dela. Mas, nos últimos dias, ela deu sinais de que pode se tornar relevante – e talvez dominante.
É o que sugerem os números da Dinamarca, onde as autoridades de saúde reportaram que, na segunda semana de janeiro, a BA.2 respondeu por 45% de todos os novos casos de Covid – mais do que dobrando em relação à semana anterior (em que tinha prevalência de 20%). A BA.2 também está crescendo na Noruega, na Suécia e no Reino Unido – neste último, sua prevalência tem dobrado a cada quatro dias e atualmente corresponde a 1,5% dos casos (veja o item “Daily prevalence”). É muito menos do que na Dinamarca; mas, se o ritmo for mantido, a BA.2 pode se tornar dominante em fevereiro.
A BA.2 possui várias alterações genéticas em relação à BA.1 – inclusive na proteína spike, que o coronavírus utiliza para infectar células humanas (e é o principal alvo das vacinas atuais e dos anticorpos adquiridos por quem pegou outra variante).
A BA.2 foi apelidada de stealth omicron (“omicron furtiva”), pois é mais difícil de identificar do que a BA.1. A Ômicron “clássica” tem uma mutação, a H69-V70, que é visível nos testes PCR usados para diagnosticar a Covid. Ou seja: não é preciso submetê-la ao sequenciamento genético (um procedimento de laboratório relativamente caro, e feito apenas em algumas amostras) para identificá-la. Já a BA.2 não possui essa mutação – portanto, o único jeito de confirmar que se trata dessa subvariante, e não outra qualquer, é fazer o sequenciamento genético.
Importante: isso não afeta os testes de diagnóstico, que continuam detectando a BA.2. A mudança só dificulta um pouco o mapeamento epidemiológico da subvariante (e nem tanto assim, já que a identificação das variantes pré-Ômicron também exigia sequenciamento).
A subvariante não parece ser mais agressiva que a Ômicron original: segundo o governo dinamarquês, “análises iniciais não mostram diferença na [taxa de] hospitalização pela BA.2 comparada à BA.1″. As autoridades de saúde do país afirmam que a BA.2 já está sendo testada com anticorpos induzidos pelas vacinas. Os resultados ainda não estão prontos, mas “é esperado que as vacinas também tenham efeito contra doença severa causada pela BA.2”.
A Dinamarca foi um dos países mais rapidamente afetados pela primeira onda de Ômicron: juntamente com a Noruega, ela registrou o primeiro evento de “superespalhamento” da Ômicron original, já na primeira semana de dezembro. Nos primeiros dias de janeiro, a BA.1 já respondia por mais de 90% dos novos casos de Covid por lá. Por isso, ela tem sido observada com atenção por cientistas de outros países em busca de pistas sobre o futuro da pandemia.
É normal que as variantes do coronavírus tenham sublinhagens. Elas não são necessariamente preocupantes. Mas a ascensão da BA.2 na Dinamarca acende um sinal de alerta. Em outras nações tomadas pela Ômicron, como África do Sul e Reino Unido, o número de infectados disparou, atingiu o ápice no começo de janeiro e depois caiu – pois o vírus passou a ter dificuldade em encontrar indivíduos suscetíveis.
Mas, na Dinamarca, isso não aconteceu: os casos continuam aumentando – e isso coincide com a ascensão da BA.2. Por isso, é possível que ela tenha alguma característica (como maior capacidade de driblar o sistema imunológico ou maior facilidade de infecção das células) que a torne ainda mais contagiosa do que a BA.1.
Deu na SUPERINTERESSANTE (Saúde)
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