A inflação e os riscos exclusivamente políticos
ganharam peso nos cenários traçados pelas instituições financeiras, segundo levantamento
do Banco Central (BC) divulgada nesta segunda-feira (18). Os bancos afirmaram à
autoridade monetária que o crescimento do preço de commodities, a disrupção em
cadeias produtivas, a crise hídrica e os riscos fiscais impulsionam a escalada
dos preços.
“Na visão dos respondentes, a persistência do processo inflacionário reduz a renda real e favorece a alta na taxa de juros, prejudicando a retomada da atividade econômica. Os riscos exclusivamente políticos advêm de incertezas relacionadas ao ambiente institucional, à antecipação da campanha eleitoral e à polarização política”, diz a pesquisa.
De acordo com o estudo, os riscos fiscais continuam sendo foco de preocupação, mas houve mudança na origem do risco. “Preocupações fiscais relacionadas à pandemia se reduzem em razão do arrefecimento da crise sanitária e da diminuição dos gastos públicos para seu enfrentamento. Em contraste, há um aumento de preocupações com a possibilidade de implementação de políticas favoráveis à expansão fiscal que impactem a sustentabilidade das contas públicas”, ressalta o BC.
As instituições financeiras dizem que um possível aumento permanente de gastos do governo levaria à elevação do prêmio de risco, custo adicionado para cobrir eventuais impactos, “exigindo maior esforço na rolagem da dívida pública e aumento de custo de funding [financiamento]”.
Além disso, segundo o estudo, as preocupações com a pandemia se reduziram. “Os termos que ganharam maior destaque na última pesquisa foram ‘inflação’, ‘juros’ e ‘reforma’ e os termos que mais perderam destaque foram ‘Covid-19’, ‘PIB’, ‘auxílio emergencial’, ‘desemprego’ e ‘consumidores’”, diz o BC.
O levantamento mostra ainda que 76% dos bancos entende que o ciclo econômico está em recuperação. “A fração dos respondentes que consideram o ciclo econômico mais negativo [contração, recessão ou depressão] se reduziu de 33% para 16%, refletindo a percepção de que o choque da crise da Covid-19 está se dissipando”, ressalta.
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