Pesquisadores da universidade de Burgos, na
Espanha, e da Universidade Federal de Santa Catarina, coordenaram um estudo que
demonstra a presença do SARS-CoV-2, o novo coronavírus que provoca a covid-19,
em águas residuais do Brasil ainda em novembro de 2019.
Conforme informou nesta terça-feira (8) a instituição espanhola, o estudo, publicado pela revista Science of the Total Environment, analisou especificamente a presença do patógeno em águas residuais em Florianópolis.
Todos os resultados da pesquisa indicavam que o SARS-CoV-2, provavelmente, circulava sem ser detectado no Brasil desde aquela época, dois meses antes da notificação do primeiro caso na América do Sul, em 21 de janeiro de 2020 e um mês antes da confirmação dos primeiros positivos em Wuhan, na China.
No estudo, foram analisadas as águas residuais humanas de Florianópolis, recolhidas diretamente da rede de esgoto, para a detecção do novo coronavírus, durante o período de outubro de 2019 e março de 2020.
O patógeno foi detectado mediante diferentes sistemas de RT-qPCR, recomendados por centros de controle de doenças dos Estados Unidos, Europa, entre outras. Todos os resultados positivos de amostras foram confirmados posteriormente por laboratório independente.
Para corroborar a veracidade das conclusões, foram sequenciados os produtos de RT-qPCR para confirmar a identidade com o SARS-CoV-2, e foi feito um estudo de sequenciação direto e completo das amostras de água residual.
Além disso, as amostras de três análises posteriores (de dezembro de 2019, fevereiro e março de 2020) deram positivo em todos os testes RT-qPCR, inclusive com um forte aumento nas amostras colhidas no início de março do ano passado.
Esta é a primeira detecção da presença do RNA do vírus SARS-CoV-2 no continente americano, e indica a presença e circulação do patógeno 56 dias antes da primeira notificação oficial de um caso clínico de Covid-19 no continente, e mais de 90 dias antes do primeiro positivo no Brasil.
Os resultados também demonstraram que a carga viral do novo coronavírus se manteve constante de novembro de 2019 até março de 2020, para em seguida sofrer aumento que coincidiu com o início dos casos em Santa Catarina.
R7
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